61 9 81837389 oi.crioula@gmail.com
Temos Orgulho!

Temos Orgulho!

Esse mês trouxe algumas reflexões sobre o que são essas diversas letrinhas que compõem a sigla LGBTQIAP+. Críticos dizem que são muitas letras, que já se perdeu nesse “alfabeto”. Mas essas pessoas mal sabem que a ideia é AGREGAR e, que muito mais do que o mês do pink money para as empresas, falar sobre orgulho LGBTQIAP+ é falar sobre luta, sobre quebra de paradigmas e sobre respeito.

Eu poderia também falar sobre amor. Mas o amor é muito mais complexo do que uma normatividade, ele é muito mais plural do que o relacionamento romântico e erótico. O amor é muito individual para eu ter que explicar sobre o que é e sobre como ele pode ser empregado dentro da vida de vocês. Mas já deixo aqui a minha vontade de que as pessoas se amem mais.

Falar de escolhas quando se trata dessa realidade parece incabível, mas tem gente que ainda aposta nisso. Afinal, quem escolheria sofrer inúmeras violências e silenciamentos? A morte é o final, a última das violências. Mas no meio do caminho tem a coação, o bullying, a expulsão de casa… tem a VERGONHA

Somos o país que mais mata LGBTQIAP+. Acredite ou não, essa é uma das poucas estatísticas em que o Brasil segue sendo o líder. Somos um país intolerante, apesar de não sermos juridicamente intolerantes. E é nesse vácuo entre leis e o dia a dia que mais um corpo LGBTQIAP+ é encontrado no chão. 

Esse mês representa um dos vários acontecimentos que marcam a luta LGBTQIAP+ por reconhecimento de suas liberdades individuais. A revolta de Stonewall foi o estopim para o reconhecimento e estabelecimento de um movimento, que já estava por se consolidar.

As pessoas LGBTQIAP+ não foram inventadas junto com a internet, aliás, essas pessoas não foram inventadas, nada disso é um complô do governo para o pecado, e não existe nenhum plano de ditadura “gayzista”.

A luta pelo reconhecimento de DIREITOS dessas pessoas fala sobre liberdade individual. É sobre poder se casar, mas, além disso, é sobre ter a integridade física e emocional respeitadas.

Ao aumentar a abrangência de direitos, garantimos dignidade e condições melhores de vida a um maior número de pessoas. Isso não significa que vão ser tirados os direitos de ninguém, mas sim que terão mais pessoas sendo respeitadas, mais pessoas se amando, e mais pessoas sem medo.

E, ao falar “se amando”, quero abrir para falarmos de amor próprio também. Viver com medo dói. Para fechar esse mês de orgulho, eu peço, não acreditem que é melhor morrer do que ser assim. Falar de orgulho, é falar sobre não se esconder e não ter medo de ser quem se é. Tenha orgulho de você!

Por Kellen Vieira

Sistema alimentar brasileiro durante a ditadura

Sistema alimentar brasileiro durante a ditadura

Por Kellen Vieira

No dia 31 de março de 1964 foi o início de um dos piores momentos históricos do Brasil. A ditadura militar brasileira foi uma das ditaduras que durou mais tempo na América Latina, e foi um período de terror, marcado por censura e violência. A ditadura também foi o período do suposto “milagre econômico” que levou o Brasil à falência a partir da década de 70. E tudo teve início com a questão da reforma agrária.

Ao assumir o poder após a renúncia de Jânio Quadros, João Goulart colocou a reforma agrária no centro do embate político brasileiro. A reforma era mais do que esperada, segundo dados do IBGE da época dos 79,8 milhões de brasileiros, 33 milhões viviam em área rural, em situações de extrema pobreza. Mesmo com uma grande população rural, a produção agrícola era escassa e os latifúndios inúmeros. Importante salientar que esses latifúndios em sua maioria eram improdutivos.

O movimento a favor da reforma agrária era orquestrado pelas Ligas Camponesas e pelo Partido Comunista Brasileira (PCB). Em contrapartida os grandes proprietários de terras, que se opunham à reforma, eram parlamentares.

Mesmo com a tomada de poder pelos militares, a pressão camponesa pela reforma agrária induziu o presidente da época, General Castelo branco a assinar o Estatuto da Terra (Lei Nº 4.504/64) em 30 de novembro de 1964, vigente até hoje. De modo geral, a ditadura foi a principal responsável por estancar o movimento da reforma agrária nos anos 60 e 70, com uma reforma que está apenas no papel.

Em teoria o Estatuto da Terra pensa a estrutura agrária brasileira de acordo com as necessidades econômicas e sociais. É importante enfatizar que a reforma agrária está diretamente ligada ao acesso e produção da alimentação, sendo assim um dos pontos estratégicos para a garantia da Segurança e Soberania Alimentar e Nutricional para toda a população.

Mesmo passados 57 anos o estatuto ainda não cumpriu seu papel em totalidade apesar de alguns avanços pontuais como: a indenização por desapropriação de terras, a legalização das relações trabalhistas no campo, a apropriação sustentável dos recursos naturais para produção, entre outros. O Estatuto também criou dois órgãos para sua execução: o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária e o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário.

As limitações em torno dessa lei são expressivas, pois os dispositivos de desenvolvimento agrícola que são dominados por uma política conservadora que não possibilita uma reforma agrária abrangente. Com a constante reeleição de famílias que são latifundiárias, que integram a bancada ruralista, também chamada de Bancada BBB ( bala, boi e bíblia) que usam a máquina pública em favor de seus interesses, a reforma agrária vai se estendendo como um sonho cada vez mais distante.

E, apesar da volta da força do movimento agrícola como o MST na década de 80 esse impasse da reforma agrária persiste até hoje, assim como os conflitos sangrentos e perversos no campo que são motivados essencialmente pelos problemas sociais e abuso de poder dos latifundiários, e coronelistas brasileiros.

O período também foi marcado por um grande, e falso crescimento econômico, que deu início ao aumento da desigualdade no país, ao mesmo tempo que fazia o Brasil atingir níveis de inflação acima de 60% ao ano. Com a estratégia econômica do dito “arrocho salarial” para conter a crise, os salários tinham reajustes abaixo dos níveis de inflação, o que deu certo por um tempo. Porém em 1980, nós tivemos a chamada “década perdida”, e essa situação se estendeu até a implementação do plano real, em 1994.

Com a variação diária da inflação, os preços dos alimentos, e outros itens, eram alterados diariamente, e até mais de uma vez por dia. Como estratégia para lidar com essa instabilidade, os brasileiros passaram a fazer todas as suas compras uma vez por mês. Dessa forma, era possível fugir do aumento de preço do dia seguinte e garantir o acesso à alimentação. Esta época foi tão marcante que incorporamos esta medida em hábitos culturais e ela perdura até hoje.

Porém o resultado disso após a estabilização da economia é um consumo exagerado que resulta em um desperdício, por brasileiro, de aproximadamente meio quilo de alimentos por dia, o que equivale a 10% de todo desperdício de alimentos no Brasil, segundo a organização banco de alimentos. Nesse estudo foi constatado que “na colheita, o desperdício é de 10%. Durante o transporte e armazenamento, a cifra é de 30%. No comércio e no varejo, a perda é de 50%”. O resultado disso é que o Brasil é um dos 10 países que mais desperdiçam alimentos no mundo. Esse desperdício está combinado com um alto nível de pobreza e insegurança alimentar.

A ditadura foi um marco da história brasileira que retrata um passado sangrento e que deixou marcas irreparáveis na sociedade. Ver isso sendo comemorado em plenário, ou por pessoas com o pretexto do crescimento econômico e combate a corrupção é infundado e mentiroso, pois como vimos, os políticos continuaram governando esse país com ainda mais liberdades e interferências na vida das pessoas. E mesmo que esse discurso fosse verdadeiro, as atrocidades cometidas e a privação da liberdade não devem ser colocadas à prova em favorecimento ao capital.

____________________

FONTES:

– https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45960213
– https://www.brasildefato.com.br/2019/11/30/lei-da-ditadura-que-estabeleceu-funcao-social-da-propriedade-completa-55-anos
– http://lemad.fflch.usp.br/node/5280
– https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2014/03/24/1964-pouco-antes-do-golpe-reforma-agraria-esteve-no-centro-dos-debates-no-senado
– https://www.ocomuniqueiro.com.br/2018/09/09/por-que-fazemos-a-compra-do-mes-no-supermercado/
– https://www.ecycle.com.br/3007-desperdicio-de-alimentos.html

Como ajudar pessoas em situação de rua em tempos de covid-19? | Vamos nos cuidar sem pânico?

Como ajudar pessoas em situação de rua em tempos de covid-19? | Vamos nos cuidar sem pânico?

Por: Bruna de Oliveira*

Na foto, viaduto Otávio Rocha | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Quem não tem casa se isola onde? Você já parou para pensar nas pessoas em situação de rua no meio da pandemia que está acontecendo?

Em Porto Alegre, cerca de 4.000 pessoas vivem em situação de rua. Eles e elas precisam ser cuidados pelo Estado, via políticas públicas de assistência e saúde, mas também pela solidariedade e os princípios cooperativos que nos movem enquanto sociedade civil. Em tempos de pandemia, essas pessoas estão em um dos grupos de risco em relação ao novo Coronavírus (Covid-19).

Preocupado com a saúde física e mental dessa população o Grupo Suprapartidário para Combate da Pandemia do Covid-19 junto a População de Rua de Porto Alegre reuniu-se na última quinta-feira (19) e organizou uma série de orientações para quem quiser ajudar. A nutricionista social Ana Mattos, que colabora com o grupo, explica que essa iniciativa “envolve tanto o Poder Público quanto a sociedade civil num esforço solidário e responsável.”

Entre as ações encaminhadas, foram estabelecidos três pontos de coleta de doações que podem ser realizadas por tele-entrega. As doações são recebidas, higienizadas e distribuídas por equipes de saúde qualificadas para estas atividades. “A população de rua é um grupo de risco, então não levem o vírus até eles. Tem uma corrente de pessoas querendo ir ajudar, mas a ajuda deve ser dada a distância. Não procurem o pessoal, pois eles também estão sendo encaminhados para isolamento”, recomenda Ana que também é pesquisadora e defensora dos direitos para pessoas em situação de rua.

O que e como doar:

Água potável, sabão ou sabonetes, bombonas de água vazias, álcool gel, máscaras faciais, luvas, lenços umedecidos, toalhas de papel, atilhos, sucos ou bebidas em embalagens individuais e alimentos não perecíveis estão sendo recebidos nos pontos de coleta que funciona de segunda a sexta, das 9h às 15h.

Confira os endereços dos lugares de coleta:

Escola de Porto Alegre – EPA
Rua Washington Luiz, 203 – Centro Histórico

OSC Misturaí
Rua Luiz Manoel, 229 – Vila Planetário

AMURT-AMURTEL
Juca Batista, 6841 – Ponta Grossa

Albergues e Restaurantes Comunitários são outras estratégias de acolhimento e cuidado. Além dos pontos de coleta, Porto Alegre possui um abrigo temporário a partir desde a última segunda-feira, dia 23, para acolher pessoas em situação de rua durante a pandemia do Coronavírus. O prédio será o da Organização Irmandade Nossa Senhora dos Navegantes, na zona norte da capital. O acolhimento oferecerá cuidados de higiene, alimentação e estadia, sempre a partir das 19h.

O espaço, localizado na Rua Praça Navegantes, 41, possui três andares, quartos coletivos arejados e refeitório. “O objetivo é garantir o isolamento da população em situação de rua. Nossas equipes estão preparando o espaço para receber as pessoas a partir do início da semana”, explicou a presidente da Fasc, Vera Ponzio em matéria publicada no site da prefeitura.

Rede de Serviços (atendimento das 19h às 7h):

Albergue Acolher 1
Endereço: Rua João Simplício nº 38, Vila Jardim
Telefone: 3737.2279

Albergue Acolher 2
Endereço: Rua 7 de Abril, n º 315, bairro Floresta
Telefone: 3737.2118

Albergue Dias da Cruz
Endereço: Avenida Azenha, 366 – Bairro Azenha
Telefone: 3223.1938

Prato Alegre | Restaurante Comunitários:

Atualmente existem dois restaurantes comunitários na cidade que compõem o programa Prato Alegre. Estes equipamentos sociais atendem pessoas em situação de rua, idosos vulneráveis e famílias em pobreza e extrema pobreza. As refeições são subsidiadas integralmente pela prefeitura de Porto Alegre e o requisito para acessar os restaurantes é o Cadastro Único do Sistema Único de Assistência Social – SUAS. Em conversa telefônica com a nutricionista da Unidade de Segurança Alimentar e Nutrição Sustentável – USANS, Vanusa, em função da pandemia, os restaurantes estão abertos para toda a população em situação de vulnerabilidade socioeconômica e/ou em situação de rua.

“Servimos 300 refeições no restaurante do Centro e 150 refeições no restaurante da Cruzeiro. Houve um aumento significativo da procura por alimentação pela pandemia.” declara a nutricionista que também informa sobre as ações de prevenção que estão sendo tomadas: filas com distanciamento entre os comensais para entrada no refeitório com, no máximo, 4 pessoas sentadas por mesa. Pessoas que possuem domicílio estão recebendo marmitas para serem consumidas em casa e não gerar aglomeração nos espaços.

Os restaurantes dos bairros Centro e Cruzeiro começam suas operações a partir das 11h30min até atingir o número máximo de refeições preparadas.

Endereços dos restaurantes:

CENTRO – Rua Garibaldi, 461.
CRUZEIRO – Rua Dona Otília, 210.

Você pode entrar em contato com esses espaços para receber mais informações sobre como contribuir com doações. Lembrando que Porto Alegre está há oito dias publicando diferentes decretos que regulamentam a ampliação do distanciamento social para frear o contágio da doença e salvar vidas.

—————————————————————– 

*A sistematização dessas informações foi realizada por Bruna de Oliveira, nutricionista, comunicadora popular e sócia-fundadora da Crioula | Curadoria Alimentar. “Vamos nos cuidar sem pânico!” é uma série de reportagens com informações que nos nutram a criar dinâmicas sociais de solidariedade e cooperação durante (e após) a pandemia do Covid-19.

—————————————————————-

Conheça e apoie o trabalho da Crioula em nosso Clube de Assinaturas

www.catarse.me/crioulacuradoria

Seguimos. 🌻

 

Fomes do Brasil: expressões sociais de uma doença global

Fomes do Brasil: expressões sociais de uma doença global

Bruna de Oliveira | 22 de julho de 2019

A declaração presidencial na última sexta feira, 20 de julho, é chocante mas não surpreendente. “Não se vê gente, mesmo pobre, pelas ruas, com físico esquelético”, foi uma das afirmações de Bolsonaro em café da manhã com jornalistas. Não é uma surpresa o despreparo teórico e prático da atual gestão federal brasileira. Também, não é surpresa a ignorância de representações políticas sobre desigualdades sociais, especialmente na área da alimentação. Exemplo disso, foi a declaração do prefeito de São Paulo em 2017 que pessoas pobres não possuem hábitos alimentares.

| Leia também: Pobres têm hábitos alimentares? |

O título desse texto é uma afirmação e uma provocação. Existem mais formas de manifestação da fome do que o senso comum nos ensina. Assim como, fome não se restringe a falta de acesso de alimentos em corpos esqueléticos perambulando pelas ruas. Mais uma vez, o senso comum (e preconceituoso) se coloca como empecilho para avanços em políticas públicas de alimentação e nutrição na garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada – DHAA. 

Esta é uma tese que eu defendo com firmeza: todo mundo passa fome no mundo. Não é preciosismo ou discurso populista a diferenciação das diversas fomes que pintam cenas alimentares dos povos no mundo. Você já pensou sobre isso?

Se afirmamos que a maioria das pessoas no globo passam fome hoje, você acreditaria? Por um lado você pode concordar, pensando que fome é sinônimo de apetite e/ou vontade de comer, todo mundo tem fome todos os dias. Este é um tipo de fome, é definido como fome aguda. Ok, até aí, tudo certo. Quando estamos com fome, abrimos a geladeira de casa ou vamos à uma padaria e saciamos nossa vontade.

Precisamos lembrar que não são todas as pessoas que possuem recursos para adquirir seu alimento. Nesse sentido, se uma pessoa fica com fome por muito tempo e/ou não sacia em quantidade suficiente seu apetite e necessidades biológicas de manutenção da vida, essa fome é chamada crônica. Existe ainda uma terceira hipótese com duas situações: eu tenho algum recurso para comprar comida, mas não o suficiente para consumir várias opções, ou; eu tenho recursos para comprar a comida que eu quiser e opto por consumir alimentos que não tomem muito do pouco tempo de uma rotina agitada e estressante em uma metrópole.

Essas duas histórias contam com um elemento em comum: uma alimentação não adequada. Hábitos alimentares monótonos e/ou em quantidade insuficiente para suprir necessidades nutricionais de uma pessoa gera o que estudiosos chamam de fome oculta. As fomes oculta e crônica são estados nutricionais que se desdobram tanto por um viés da desnutrição, quanto pode se expressar em subnutrição ou obesidade.

Três fotografias de um mesmo fenômeno, três fotografias que retratam as fomes do mundo. Quem dera que as lutas de combate à fome ocorresse apenas no âmbito da fome aguda! Assim, entramos em um “diálogo perigoso” como diria Josué de Castro, médico profeta que teve a ousadia de marcar a sociedade com seus estudos sobre fome no Brasil. Há 72 anos, em sua obra Geografia da fome, Josué demonstrou a influência dos fatores socioeconômicos sobre os fatores biológicos da nossa população, através da deficiência alimentar e da predominância de interesses privados sob os coletivos.  

A fome não se limita a uma enfermidade biológica, mas sim é uma doença social fruto da má distribuição de alimentos no globo; do sistema agroalimentar super mecanizado e dependente de agroquímicos, e; de uma indústria alimentícia preocupada no excessivo consumo de seus produtos, muitas vezes, não saudáveis. Em suma, a fome é um desdobramento social da forma como a cadeia de produção de alimentos opera hoje, embasada nos princípios do capitalismo corporativista, sistema político econômico que consome nossos dias.

É importante ressaltar que ambos os quadros (obesidade e desnutrição) são graves e evocam múltiplos olhares para o planejamento e execução de estratégias que em uma primeira instância os reduzam e – em melhores perspectivas – efetivem sua devida erradicação. Esse adoecimento generalizado é gerado em decorrência de inúmeros fatores, tais como o processamento de alimentos pela indústria alimentícia, o uso excessivo e descontrolável de agrotóxicos na agricultura e as monoculturas que massificam e monotonizam a alimentação das pessoas.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO – Food and Agriculture Organization) estima que cerca de 820 milhões de pessoas em todo o mundo não tiveram acesso suficiente a alimentos em 2018, frente a 811 milhões no ano anterior, no terceiro ano consecutivo de aumento (versão em inglês). Especialmente na América Latina e no Caribe, estima-se que a fome afeta 42,5 milhões de pessoas

Queda livre

Em 2014, o Brasil saiu do mapa da fome segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO – Food and Agriculture Organization). Isso significa que menos de 5% da população brasileira ainda encontraram-se com seu direito ainda violado. Você pode entender como políticas públicas como o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA; Política Nacional de Alimentação Escolar – PNAN; e, o fortalecimento do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – CONSEA desde sua retomada em 2003 e posterior extinção neste ano. Acesse aqui o relatório que descreve as iniciativas brasileiras para combate à fome consideradas relevantes e replicáveis para outros países. Isso não é pouca coisa, ta okey? 

Lamentavelmente, em 2018, retornamos a esse diagrama que apresenta o prognóstico não positivo para a Segurança Alimentar e Nutricional deste paí. 5,2 milhões de brasileiros e brasileiras não tem o que comer todos os dias segundo este relatório.   

| Leia também: ‘Sem merenda: quando férias escolares significam fome no Brasil’ – BBC |

Preciso pegar um fôlego para continuar… são tantos elementos que explicitam a imensidão de direitos violados não somente de acesso à alimentos, mas em diferentes elos do sistema alimentar atual suprimidos pela avalanche da bancada ruralista e os defensores do agronegócio brasileiro.

Em 200 dias, o governo Bolsonaro autorizou o uso de mais de 239 agrotóxicos no mercado, isso é mais do que países europeus autorizaram ao longo de 8 anos. Há muitas pesquisas que apresentam os difíceis enredos enfrentados por agricultores familiares, trabalhadores rurais, povos e comunidades tradicionais. Depois do Dossiê Abrasco, a publicação mais recente que denunciam o impacto dos agrotóxicos no país é o Atlas Geografia do uso de agrotóxicos no Brasil e conexões com a União Europeia, de autoria da pesquisadora Larissa Lambardi. Os agrotóxicos fazem parte de um pacote tecnológico que mata diariamente, seja no campo, seja na cidade; seja a fome que for: pela falta ou pela contaminação; pela escassez ou pelo excesso artificial que passa deixando resíduos no organismo humano e planetário.

Todos passamos fome. Tão drástica quanto a inanição biológica é a cabeça vazia de uma consciência comunitária mínima que abre margem para práticas tão perversas este governo tem feito a este país. 

 

ALIMENTAÇÃO E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: SAIBA COMO COMPRAR, COZINHAR E COMER EM UM MUNDO EM AQUECIMENTO GLOBAL

ALIMENTAÇÃO E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: SAIBA COMO COMPRAR, COZINHAR E COMER EM UM MUNDO EM AQUECIMENTO GLOBAL

Traduzido por: Kellen Vieira

Este texto é uma tradução da matéria “Your Questions About Food and Climate Change, Answered” publicada no The New York Times em abril de 2019. Acesse a matéria original aqui. A publicação deste texto tem o objetivo de levantar o debate quanto a relação de como nossas práticas alimentares impactam o ambiente e as mudanças climáticas. As opiniões, em sua totalidade, não representam as opiniões da Crioula – Curadoria Alimentar. As afirmações e opiniões são de responsabilidade da equipe autora da matéria.

Uma grande fotografia sobre comida e mudanças climáticas

Tudo o que comemos colabora para as mudanças climáticas no planeta? Sim! O sistema alimentar global é responsável por, aproximadamente, um quarto dos problemas ambientais, incluindo a liberação de gases do efeito estufa que os humanos produzem a cada ano. Isso tudo, considerando a pecuária e a agricultura. Então, todas as plantas, animais e/ou seus derivados que consumimos (carne, frango, peixe, leite, lentilha, milho, entre outros), assim como as etapas desta cadeia: cultivo, processamento, armazenamento e transporte de alimentos aos mercados, em todo o mundo, fazem parte dessa cadeia. Se você come comida, você faz parte desse sistema.

Existem, pelo menos, 4 grandes exemplos de como nossa alimentação cotidiana contribui para o aquecimento global:

  1. Quando florestas são derrubadas para dar espaço para fazendas agropecuárias – e isso acontece diariamente em algumas partes do mundo – grandes quantidades de gases de carbono são lançados na atmosfera, e adoecem o planeta; 
  2. Quando vacas, ovelhas e cabras digerem seus alimentos, elas liberam metano, outro potente gás do efeito estufa que contribui para as mudanças climáticas; 
  3. Produção de alimento para animais e arrozais também são grandes fontes de liberação de metano. E finalmente,
  4. os combustíveis fósseis que são usados para operar o maquinário das fazendas. Eles que fazem a fertilização e distribuem o alimento pelo globo,e  cada um deles emite gases.

Os alimentos que geram maior impacto ambiental já foram identificados: carnes e laticínios, particularmente os das vacas, têm um maior impacto. O gado libera uma quantia de cerca de 14.5% dos gases de efeito estufa mundial a cada ano. Isso é mais ou menos equivalente à  emissão vinda de carros, caminhões, aviões e navios juntos, no mundo, atualmente.

Em geral, carne bovina e de ovelha tem o maior impacto climático por grama de proteína, enquanto plantas, se comparadas ao mesmo nível de proteínas de origem animal, tendem a ter um menor impacto. Porco e frango estão em limiar intermediário plantas e carne bovina. Um grande estudo publicado ano passado no periódico Science calcula a média de gases do efeito estufa emitido por diferentes comidas. 

Agora, isso são apenas médias. As carnes produzidas nos Estados Unidos produzem menos emissões do que a carne do Brasil ou da Argentina. Certamente queijos podem ter um maior impacto na emissão de gases do efeito estufa do que a carne de ovelha. E alguns especialistas pensam que esses números podem subestimar o impacto da degradação florestal associada à plantações e criações.

Mas a maioria dos estudos concordam com essa hierarquia: Uma alimentação baseada em plantas, geralmente, tem um menor impacto do que com consumo de carnes. E a carne de boi e ovelha são as piores, de acordo com  uma considerável parcela de estudiosos.

Existe alguma escolha alimentar simples que eu possa fazer para reduzir nosso impacto no clima? Consumindo menos carne vermelha e laticínios iremos, automaticamente, gerar um grande impacto para maioria das pessoas em países ricos. Isso não significa necessariamente virar vegano. Só precisamos consumir menos os alimentos que têm maior impacto ambiental, como carne de boi, de ovelha e queijo. Se procurarmos por substitutos: porco, frango, ovos e moluscos, geraremos menos impacto. Mas, certamente, uma alimentação com base vegetal – por plantas como feijões, lentilhas e soja -, tendem a ser mais “amigas do clima” do que as demais opções.

O quanto mudar nossa alimentação é algo que varia de pessoa para pessoa? Alguns estudos têm concluído que pessoas que normalmente tem uma “dieta pesada” – incluindo a maior parte da população dos Estados Unidos e Europa –. Poderíamos diminuir o impacto ambiental alimentar se um terço ou mais da população adotasse uma dieta vegetariana. Se abríssememos mão de laticínios a redução seria ainda maior. 

Mas se não quisermos ir tão longe, ainda há maneiras de diminuir nosso impacto individual. Basta comermos menos carne e laticínios e mais plantas, isso pode reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Cortando a carne vermelha, em particular, poderíamos produzir uma surpreendente diferença: de acordo com a análise da World Resources Institute (Instituto de Recursos Mundiais), se em média os americanos substituíssem um terço da carne de gado que comem por porco, pato (ave de capoeira) ou legumes, iriam diminuir em torno de 13% a emissão relacionada à alimentação..

No entanto, precisamos manter em mente que consumo alimentar de uma pessoa, é apenas uma pequena fração do impacto ambiental em um todo, ainda tem: dirigir, voar e a energia elétrica para se considerar. Mas mudanças na dieta são frequentemente uma das formas mais rápidas para muitas pessoas modificarem seus impactos no planeta.

Calma! Cada um de nós é apenas uma pessoa. É verdade que uma única pessoa pode fazer uma minúscula modificação no panorama global do problema climático do planeta. Esso é um grande problema que requer ações de larga escala e políticas públicas de mudanças locais. Os alimentos não são o maior contribuinte para o aquecimento global: a maioria é causada por queima de combustíveis fósseis para eletricidade, transportes e indústrias. Por outro lado, se muitas pessoas, coletivamente, fizerem alterações nas suas dietas, poderíamos começar alguma mudança real.

Cientistas têm alertado que nós precisaremos diminuir o impacto climático da agricultura em até dez anos se nós quisermos o aquecimento global “sob controle”, principalmente com o crescimento populacional global. Para isso acontecer, agricultores e criadores vão precisar encontrar meios para diminuir seus impactos e se tornar muito mais eficientes, plantando mais comida em menos terra, a fim de diminuir o desmatamentode florestas. No entanto, especialistas s também têm argumentado que se aqueles que comem carnes “mais pesadas” (boi e ovelha) diminuírem comendo essas ditas “mais leves”, moderadamente, ajudariam a liberar mais terras para alimentar outras pessoas.

Vamos olhar esse cenário em profundidade? Abaixo estão descritas questões emblemáticas sobre algumas categorias alimentares: carnes; peixes e frutos do mar; leites e derivados; plantas; consumo e desperdício alimentar. 

CARNE

Por que a carne tem um grande impacto climático?

Pense sobre essa perspectiva: É mais eficiente plantar para humanos comerem, do que plantar para animais comerem e esses animais servirem de alimento para humanos. Um estudo recente da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) conclui que, em média, é preciso 1,4Kg de plantas para produzir 0.45 gramas de carne.

Isso ao pé a história inteira. Na defesa de vacas, frangos, porcos, eles se alimentam de muitas coisas que humanos, por outro lado, não comem, como gramíneas ou resíduos de plantações. E a carne pode ser rica em nutrientes essenciais como ferro e proteína, mas em geral, demanda mais terra, energia e água para produzir 0.45 gramas de proteína animal do que a mesma quantidade de proteína de origem vegetal..

Carne de boi e ovelha , em especial, provocam um grande impacto ambiental por outra razão: Os estômagos dos bois e ovelhas contém uma bactéria que auxiliam na digestão de grama e outros alimentos. Contudo,essa bactéria cria metano, um potente gás do efeito estufa, e esse gás é liberado através das flatulências.

Tem problema nas formas como as vacas são criadas?

Sim. Vários gados nos Estados Unidos são criados em pastos que não deveriam ser usados de outras maneiras, mas em países como Brasil e Bolívia, países que são os maiores em exportação de carne, a história é outra. Tem, milhares de acres de florestas que foram queimadas para criar mais espaço para a criação de gado.

Estudos têm apontado que, como um resultado, a carne do Brasil pode ter 10 vezes mais impacto climático do que a carne dos Estados Unidos. Mesmo dentro dos Estados Unidos, pode haver uma variação significante no impacto climático das criações de gado, dependendo de fatores climáticos locais e dos métodos de criação do gado. Infelizmente, para esse tipo de informação ser usada pelos consumidores, necessitaríamos de muito mais detalhes dessa pesquisa do que existe hoje.

E sobre a técnica “grass fed”?

Nos Estados unidos, a maioria das criações passam o primeiro ano em pastagens se alimentando de gramíneas Depois disso, são movidos para um criadouro para uma fase de engorda à base de rações. Em contraste o “grass-fed” ou “grass-fininshed” o gado continua pastando por toda sua vida até o momento do abate.

Alguns cientistas afirmam que a carne “grass-fininshed” pode ser uma opção mais sustentável: Com uma criação no pasto, se tem estímulos para que a grama cresça com raízes mais profundas e que sequestrem mais carbono dentro do solo, ajudando a diminuir o impacto climático do gado. Contudo, por outro lado, com a criação por “grass-fininshed”, o animal cresce mais devagar e, consequentemente, demora mais tempo para o abate. Isso significa que o gado libera, por mais tempo, metano na atmosfera. Nesse contexto, alguns estudantes sugerem que o “grass-fed” pode ser ainda pior para o clima, no entanto, apesar de tudo, esse debate ainda está em voga..

Por enquanto é difícil dizer com certeza se a técnica “grass-fininshed” é menos prejudicial às mudanças climáticas do que a criação convencional de carne.

E os frangos?

Alguns estudos têm apontado que frangos e outras aves geram um menor impacto climático do que outras criações animais. Nos dias atuais, frangos são criados de forma extremamente eficiente, no que diz respeito à conversão da alimentação em carne.. Isso não significa que frangos são perfeitos: A escala industrial de produção de aves continua a gerar poluição e têm provocado um grande debate sobre o bem-estar animal. Entretanto, se você está unicamente focado nas mudanças climáticas, aves geralmente produzem bem menos emissões de gases do que gado e ovelhas, e um pouco menos do que suínos.

Os humanos deveriam parar de comer carne de uma vez por todas?

Não necessariamente. Alguns especialistas argumentam que uma dieta sustentável continua incluindo plantas e animais. Vacas e outras criações, apesar de tudo, podem ser criadas em pastos impróprios para cultivo de plantas, considerando que o gado se alimenta de espécies de plantas não são utilizadas para o nosso consumo. Eles produzem esterco que pode ser utilizado como fertilizante. E a criação animal provê o sustento de 1,3 bilhões de pessoas pelo mundo. Em vários países, carne, ovo e leite são fontes vitais de nutrição quando não há boas alternativas disponíveis.

Por consequência existem também milhões de pessoas pelo mundo – em lugares como Estados Unidos, Europa e Austrália – que habitualmente consomem mais carne do que necessitam para uma dieta saudável, de acordo com uma reportagem recente na revista científica de medicina “The Lancet”. E se nós queremos alimentar uma população crescente, sem aumentar o aquecimento global ou aumentar a degradação de florestas, seria necessário, e faria diferença, se diminuíssemos o consumo de carnes como as de gado e ovelha.

E sobre a carne falsa?

Algumas plantas podem ser substitutas da carne, como os produtos da “Impossible Meat” e da “Beyond Meat”, que são cada vez mais presentes em supermercados e também em redes de fast foods. Feitos a partir de vegetais, amidos, óleos e proteínas sintéticas, esses produtos são uma tentativa de imitar o gosto e textura da carne, mais do que os substitutos tradicionais como tofu e seitan.

O julgamento sobre o impacto desses produtos na saúde humana ainda está em aberto, e eles aparentam ter um menor impacto: um estudo recente estima que a Beyond Meat tem apenas um décimo de impacto climático do hambúrguer de carne bovina.

No futuro, pesquisadores estarão aptos para desenvolver carne real a partir de culturas celulares animais. – O trabalho é desenvolvido por esse princípio. Mas ainda é muito cedo para dizer quão isso ajudará a diminuir os impactos climáticos, até porque a produção da cultura celular da carne demandará muita energia.

Há outras formas da carne poder ser menos prejudicial para o clima?

Sim. Se a produção de carne global for mais eficiente, produtores e criadores estarão aptos a alimentar mais pessoas enquanto reduzem a emissão de gases.

Isso já ocorre em países como os Estados Unidos. Por exemplo, o país produz mais carne hoje do que em 1975, mesmo considerando que os números totais de criações tenham caído um terço. Avanços genéticos dos animais, da medicina veterinária, na qualidade da alimentação dos animais e na interação animal com o meio ambiente já estão auxiliando a diminuição no impacto climático dos sistemas de criação animal no planeta, e ainda há muitas possibilidades de inovação. Alguns cientistas estão tentando compreender como fazer vacas produzirem menos metano com a introdução de algas marinhas e outros alimentos aditivados na alimentação bovina.

A partir do pressuposto que a população inteira não irá aderir a dieta vegetariana em um tempo breve, esses esforços irão ajudar a fazer um impacto mais sustentável da produção de carne.

Frutos do mar

Quais tipos de frutos do mar eu poderia comer?

Em geral a pesca tem um impacto climático relativamente pequeno,, sendo o maior impacto causado na queima de combustíveis dos barcos. Uma análise recente aponta que peixes de pesca que são mais populares – anchovas, sardinhas, arenque, atum e bacalhau – geram, em média, menos emissão de carbono do que frango ou porco. Moluscos, como ostras e vieiras, também são alternativas que emitem pouco carbono.

Vale observar que o camarão e a lagosta produzem mais carbono do que porcos ou frangos, pois pescá-los demanda maior gasto de combustível dos barcos.

Existe uma grande questão sobre toda a comida marinha, pois:  atualmente, o mundo já explorou o máximo possível – a maioria dos pescadores pescam da forma mais sustentável permitida, enquanto outros não. Então, esse não é um incentivador para o mundo consumir mais carne de peixe. Por enquanto você pode pesquisar estudos como Seafood Watch para verificar se o peixe que você consome é sustentável.

Os frutos do mar de cativeiro são uma boa alternativa a longo prazo?

Se nós formos comer mais frutos do mar nas próximas décadas, geraremos um aumento nas produções de frutos do mar em cativeiro, também chamada de piscicultura. Fazendas de peixes podem ser uma boa opção sem impactos climáticos, particularmente a produção de moluscos, mas não é uma constante. Esse fator frequentemente depende das práticas de criação e da localidade.

Em lugares como a Noruega, que possuem regulações de direito ambiental justas, fazendas piscicultoras tem baixo impacto climático. No entanto, em partes do sul da Ásia, produtores estão destruindo manguezais para produzir frutos do mar em cativeiro que produzem grandes emissões de gases do efeito estufa.. E algumas psiculturas na China produzem enormes quantidades de metano. Há muitas promessas de esforços para aprimorar as criações de peixes e fazer o processo produzir menos impactos, todavia ainda há um longo caminho a percorrer.

Como eu sei se determinada fazenda de piscicultura é boa ou má para o clima?

Existem vários grupos como o “Aquaculture Stewardship” e “Friend of the Sea” que certificam criadouros que aderem à práticas inovadoras para diminuírem seus impactos ambientais. O que pode ser um bom ponto de partida. Mas temos que ter cuidado: Há críticas apontando que esses métodos ainda não são ideais e tampouco nulos em relação aos impactos climáticos causados pelas técnicas de piscicultura. 

Um estudo recente aponta alguns tópicos gerais sobre fazendas de piscicultura: Fazendas de moluscos tendem a ser a opção com mais proteína e menos emissão de gases. Esse estudo também sugere que a criação de salmão tem, em comparação, um menor impacto do que o frango ou porco. Por outro lado, as fazendas de bagre e camarão requerem mais energia para a circulação da água, o que impacta muito mais no clima do que a carne bovina. Mas há muita variação de criadouro para criadouro.

Então qual a melhor opção que eu posso fazer dentre os frutos do mar?

Você pode incorporar mais moluscos na sua dieta. A maioria dos norte-americanos não comem isso em casa, mas moluscos e familiares são suculentos e mais fáceis de cozinhar do que você poderia imaginar.

Seja criado em cativeiro ou não, os peixes podem fornecer uma boa alternativa para um consumo com menor impacto climático. Todavia, vale lembrar que é importante pesquisar a origem do produto e verificar se este é certificado como sustentável.

Laticínios

Quanto o leite e queijo impactam mudanças climáticas?

Vários estudos indicam que o leite gera menos impacto ambiental que o frango, ovos e porco por grama de proteína. Iogurte, queijo cottage e cream cheese são similares ao leite.

No entanto, vários outros tipos de queijo, como cheddar ou mozzarella, podem ter um maior impacto climático do que frango ou porco, pois normalmente se utiliza 4,5 Kg de leite para fazer 0,45 gramas de queijo.

Pera aí, queijo pode ser pior que frango?

Isso vai depender do queijo. Mas genericamente falando, sim, se você decidir ser vegetariano e comer queijo ao invés de frango, seus impactos nas mudanças climáticas serão menores do que você espera.

Tem algum tipo de leite que é melhor do que os outros? Eu pago muito caro por leite orgânico.

A resposta rápida é: você não pode considerar o leite orgânico como sendo melhor para diminuir impacto climático.

Nos Estados unidos, esse termo “orgânico” no  leite, só significa que as vacas pastaram apenas 30% do seu tempo de vida, que não foram tratadas nem com hormônios ou com antibióticos, e ainda que se alimentaram de nutrientes sem fertilizantes sintéticos ou agrotóxicos. Apesar desse fato ser reconhecido por várias pessoas, não há reconhecimento de que uma criação orgânica cause menos danos ao clima em relação a uma fazenda convencional.

Em arquivos e estudos não há uma concordância se as fazendas de produção de laticínio orgânicas produzem mais, menos ou a mesma quantia de gases do efeito estufa do que as fazendas convencionais, por galão de leite. Esse fato vai alternar de fazenda para fazenda. O problema é que não há nada sobre a produção orgânica que nos aponte para uma especificidade sobre o impacto climático do produto de leite que você está adquirindo.

Quais alternativas de leite de origem não animal é a melhor?

Leite de amêndoa, aveia e soja produzem uma menos gás do efeito estufa do que o leite de vaca. Mas, como tudo, há ressalvas e exceções a serem consideradas. Amêndoa requer muita água para crescer, o que pode ser um problema em regiões mais secas. Leite de soja tende a ser menos impactante, no entanto a soja, por sua vez, contribui para uma grande indústria latifundiária.

Plantas

Então vocês afirmam que eu deveria adotar uma dieta vegana?

Se você estiver interessado em tomar a decisão de adotar a dieta vegana, ela causa um impacto climático menor.

Eu não gosto de comida vegana. O que eu poderia comer?

Se você gosta de macarrão com molho de tomate, homus, torrada de abacate ou pasta de amendoim com geleia, você, na verdade, gosta de algumas comidas veganas. Para algumas pessoas, é difícil de conceber a adoção der uma dieta inteiramente vegana. Há também a alegação de que, na dieta vegana, é necessário adotar substitutos para a carne como o tofu, mas isso não é verdade: existem muitas proteínas no feijão, grãos e avelãs. E quanto mais as pessoas se tornarem vegetarianas, versões de alimentos como sorvetes, manteigas e hambúrgueres vegetais serão aprimoradas para a comercialização.. Para aqueles que gostam de cozinhar em casa, o desafio seria produzir uma comida vegana para que todos na mesa comam.

Eu não acho que eu consigo ser completamente vegano. O que mais eu posso tentar?

Uma alternativa é diminuir o consumo de carne e laticínios e aumentar os de proteína vegetal como feijão, legumes, leguminosas e grãos.

Você pode se tornar vegetariano e cortar as carnes: gado, ovelha, frango, porco e peixes. A vantagem aqui é que as regras são simples e há várias alternativas vegetarianas em mercados e restaurantes.

Adicionar apenas frutos do mar em uma dieta vegetariana também pode ser um bom compromisso e uma boa maneira de adicionar proteínas na sua refeição.

Para manter alguma comida convencional na sua dieta, tentar substituir a carne vermelha por frango, porco, peixe ou plantas, é a alternativa mais flexível.Todavia, significa que você terá de realizar uma mudança gradual e continuar verificação de origem dos alimentos que você consome.

A produção orgânica é realmente melhor do que a produção convencional?

A produção orgânica não utiliza fertilizantes sintéticos nem agrotóxicos, o que muitos consideram essencial. No entanto, isso não significa necessariamente que a produção é melhor de uma perspectiva climática. Na verdade pode ser um pouco pior – fazendas orgânicas demandam mais terras do que fazendas convencionais. O que significa que fazendas orgânicas podem variar o impacto de lugar para lugar, e o selo orgânico não dá uma informação precisa sobre a emissão de carbono daquela produção.

Eu devo me preocupar se o produto está de acordo com o clima local e sazonal?

Em geral, o que você come importa mais do que de onde o produto vem, desde que o transporte impacte apenas 6% no impacto climático total do que você está comendo. Então, há algumas considerações a serem feitas.

Aldo que está na época de colheita Quando os alimentos são sazonais, e ,você compra diretamente do produtor ou no mercado, geralmente é uma boa escolha.

As coisas são mais complicadas se estão fora da época de consumo. Algumas frutas e vegetais são transportadas por avião que tem um violento impacto nas emissões de carbono. No inverno isso inclui aspargo e mirtilo – e outros produtos perecíveis em geral produtos perecíveis que precisam ser transportados rapidamente por grandes distâncias. Por outro lado, maçãs, laranjas e bananas, podem ser transportadas por navios, que são menos impactantes. Muitos dos vegetais que são de locais de clima frio, como batatas e cenouras, podem ser estocadas depois da colheita de outono e se conservarem durante o inverno.

Em alguns casos, isso pode ser uma vantagem para comidas que são transportadas para outros locais. Por exemplo, se você vive no norte dos Estados Unidos, pode ser melhor comprar tomates vindos da Califórnia ou Flórida, do que comprar uma variedade local que foi produzida com o uso intensivo de energia em uma estufa.

Compra e desperdício de alimento

O desperdício de comida é uma grande parte dos problemas climáticos?

Sim. Há algumas estimativas de que os norte-americanos descartam pelo menos 20% de toda comida que compram. Isso significa que toda energia usada para a produção desses alimentos também é desperdiçada. E, se você compra mais comida do que consome, seu impacto climático é maior que a média. Portanto, minimizar desperdícios pode ser uma boa estratégia para diminuir emissões de gases do efeito estufa.

Como eu posso reduzir meu desperdício de alimentos?

Existem diversas possibilidades. Se você cozinha, comece planejando a refeição: nos finais de semana, separe 20 minutos para planejar três jantares para a semana. Assim você irá comprar apenas os alimentos que você planeja cozinhar. O mesmo se aplica se você vai comer fora de casa: Não peça mais do que irá consumir. Além disso, você também pode cortar e lavar os produtos antes de guardar, para torná-los mais eficientes na hora de usar. Esteja ciente do que você armazena na geladeira para não deixar nada estragar.

Também vale lembrar que alimentos “vencidos” não significam que são inadequados para o consumo.. Geralmente essa data é uma sugestão de garantia da permanência da qualidade. Muitos alimentos (com exceção de leites e papinhas de bebê) podem ser consumidos de forma segura após essa data.

Eu deveria ter uma composteira?

Se você tem condições de tê-la, não é uma má ideia. Quando a comida é jogada em aterros sanitários com outros tipos de lixos, ela se decompõe e libera metano na atmosfera, um dos gases que causam aquecimento global. Nesse sentido, várias cidades já adotam um sistema de captura do metano, reciclando para gerar energia, mas esse fato não se aplica à maioria..

Quando a decomposição é feita da maneira correta, o material orgânico descartado é convertido em composto que ajuda no crescimento de outras plantas e a produção de metano é significativamente reduzida. Algumas cidades, como Nova Iorque, iniciaram programas de coleta seletiva. Também da iniciativa de constituir composteira caseira.

Eu deveria usar sacolas plásticas ou de papel?

Aparentemente as sacolas de papel são um pouco menos piores, numa perspectiva de emissão de gases, se comparado as sacolas plásticas. Além disso, as sacolas plásticas não são facilmente recicladas e demoram muito mais tempo para se decompor. Mas em geral sacolas ocupam 5% da emissão global relacionada à comida. O que você come é um problema muito maior do que a embalagem do produto.

Nesse sentido, é uma ideia muito boa reutilizar sacolas que você já tem ou comprar sacolas reutilizáveis (contanto que você as mantenha e as utilize frequentemente). Você também pode minimizar o uso de embalagens plásticas quando escolhe o produto. Plásticos como garrafas de refrigerantes ou leite, são mais difíceis de evitar, em contrapartida essas podem ser facilmente recicladas.

A reciclagem realmente faz alguma diferença?

A reciclagem pode ajudar, mas não é tão efetiva quanto a redução de consumo num primeiro momento. Reciclar alumínio, plástico e papel pode reduzir energia e gases emissores, no entanto, se certifique de quee você está separando o lixo devidamente; siga essas dicas para ter certeza se os recicláveis da sua casa não estão sendo encaminhados para o aterro sanitário.

Por que não há explicações nos mercados ou embalagens de alimento sobre o impacto climático dos alimentos?

Alguns experts argumentam a obrigatoriedade de rótulos ambientais em produtos alimentares, assim como tem dados nutricionais. Teoricamente, esses rótulos ajudariam consumidores interessados em consumir produtos com menor impacto e proporcionaria aos produtores um maior incentivo para diminuir seus impactos ambientais e climáticos.

Um estudo recente do jornal “The Science” sugere que, aparentemente,produtos quesão similares podem ter grandes diferenças nos impactos climáticos, dependendo dos processos de produção. Por exemplo,  comer uma barra de chocolate pode ter o mesmo impacto ambiental que dirigir um carro por 30 milhas – se florestas foram devastadas para o crescimento do cacau –, enquanto outra barra pode ter bem menos impacto ambiental. Entretanto, não há mais detalhes do que já temos hoje, e é bem difícil para o consumidor saber a diferença.

Isso significa que uma pesquisa detalhada sobre os impactos do produto requer muito mais monitoramento e cálculos sobre as emissões de gases. Somente dessa forma poderemos aprofundar ainda mais os esforços para implantar um sistema capaz de sanar essas necessidades. Por enquanto, mais consumidores irão seguir regras gerais e dicas desse artigo.

Informações complementares

  • A agricultura moderna inevitavelmente contribui para as mudanças climáticas, todavia algumas comidas têm maior impacto que outras. Carne de boi, ovelha e queijo são os que causam mais impacto. Porco, frango e ovos estão no meio. Plantas de todos os tipos tem o menor impacto.
  • O que você come importa muito mais do que se é local, orgânico ou o tipo de embalagem utilizada no produto ou para levá-lo para sua casa.
  • Você não tem que desistir de comer carne completamente para fazer diferença. Mesmo pequenas coisas como comer menos carne e mais plantas, ou substituindo carne vermelha por branca, pode reduzir o impacto climático do que você consome.
  • Uma maneira simples de diminuir seu impacto na emissão de gases através da comida é evitar o desperdícios. Comprando apenas o que você realmente irá consumir – em vez de descartar – significa que a energia usada para produzir seu alimento será usada de modo eficiente.

 

Banquetaço em Brasília serve mil pessoas com comida de verdade

Banquetaço em Brasília serve mil pessoas com comida de verdade

Brasília foi uma das 40 cidades em 22 estados que participaram do ato de protesto contra a extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – CONSEA

O ato ocorreu no dia 27 de fevereiro, com representação de 22 estados em manifestações realizadas em 40 cidades no país. No Distrito Federal, o banquetaço ocorreu em Brasília entre os prédios do CONIC e shopping Conjunto Nacional em frente a rodoviária central.

O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – CONSEA é um espaço legítimo de participação popular, na construção de políticas públicas de Segurança e Soberania Alimentar e Nutricional no país. Essas políticas contribuem para a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável. Historicamente, este órgão congrega ativistas, representantes de movimentos sociais e/ou povos e comunidades tradicionais, organizações e entidades implicados no monitoramento, planejamento e articulação intersetorial de ações para o combate à fome e melhoria da qualidade alimentar e nutricional no Brasil, o que quer dizer: uma alimentação que seja socialmente justa, culturalmente referenciada e ambientalmente sustentável.

Tanto a sociedade civil quanto parlamentares do congresso foram o público alvo da ação que se colocou como um instrumento de sensibilização e educação sobre o tema para que tanto a população saiba requerer seu direito por uma alimentação saudável e de qualidade quanto os representantes públicos incluam nas suas pautas de gestão a Segurança Alimentar e Nutricional em suas ações.

Banquetaço Brasília | Resumo do dia

A articulação do ato ocorreu de forma virtual e presencial, o grupo de whatsapp da comissão de Brasília congregou, aproximadamente, 100 pessoas com envolvimento no tema dos mais diversos segmentos da sociedade. As reuniões preparatórias para planejamento e organização da manifestação na cidade, contou com um grupo nuclear de trabalho operando com cerca de 30 pessoas presencialmente. Organizações e entidades ligadas à agroecologia e compostagem urbana; sindicatos; alunos/as e professores/as de graduação da Universidade de Brasília; ativistas de movimentos sociais como o Slow Food Cerrado e o Bem Viver; agricultores/as e coagricultores/as das Comunidades que Sustentam a Agricultura – Rede CSA Brasília, assim como parlamentares de diferentes partidos políticos, nutricionistas, cozinheiros/cozinheiras e donos de restaurantes compuseram esta rede de cores, sabores e afetos em torno do alimento.

Uma equipe de aproximadamente 30 pessoas se envolveram nas preparações que foram distribuídas gratuitamente à população como uma forma de sensibilização sobre a importância do CONSEA para a sociedade, bem como, a relevância de considerar a origem do nosso alimento como um elemento determinante e impulsionador de processos que fortalecem diferentes cadeias de produção de alimentos. A escolha da oferta de comida de verdade produzida com alimentos agroecológicos e regionais do bioma cerrado teve a intenção de mostrar o quanto é possível garantir o acesso à alimentação adequada e saudável de forma, boa, limpa e justa. Se não conseguimos até hoje acabar com a fome no Brasil, pode-se perceber que é uma questão política de agenda de gestão.

O lema da 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional: “Comida de verdade, no campo e na cidade” foi evocado nas falas de diferentes representações que participaram do evento. Entende-se por comida de verdade, segundo o documento da conferência realizada em 2017:

“aquela que reconhece o protagonismo das mulheres, respeita os princípios da integralidade, universalidade e equidade. Não mata nem por veneno nem por conflito. É aquela que erradica a fome e promove alimentação saudável, conserva a natureza, promove saúde e a paz entre os povos”

Mais de mil refeições foram entregues aos passantes do local que não só puderam experimentar preparações elaboradas por diferentes voluntários e voluntárias, como também, conheceram melhor a atuação do CONSEA e conceito de comida de verdade por meio de pratos produzidos com alimentos vindos da agricultura familiar, sem agrotóxico, valorizando ingredientes regionais do bioma cerrado como o pequi e o baru. As Plantas Alimentícias Não Convencionais – PANC –, também marcaram presença nas receitas como o coração de bananeira que virou recheio para escondidinhos de mandioca e abóbora.

Cozinheiros como Paulo Mello, Tonico Lichtsztejn, Cristina Roberto apoiaram a ação coordenando as equipes das cozinhas dos restaurantes apoiadores. O laboratório de técnica dietética do curso de Nutrição da Universidade de Brasília também foi utilizado, assim como a cozinha da casa da nutricionista Bruna de Oliveira com a do-supervisão da cozinheira Talitha Ferreira foram os pontos de encontro entre práticas alimentares e técnicas gastronômicas com muito amor, implicação política e compromisso com a causa de SAN.

A participação ativa de produtores e agroextrativistas foi o cerne do ato por meio do trabalho do casal extrativista Dona Ana e Seu Zilas, integrantes do Movimento Slow Food, e, a generosidade e articulação da Rede CSA Brasília que doou a majoritária quantidade de alimentos produzidos de forma agroecológicas e sem o uso de agrotóxicos. Considerando que o conceito de de Segurança Alimentar e Nutricional abrange a cadeia de produção de alimentos da semente ao prato, o movimento de Agricultura Urbana também esteve presente com a presença do jornalista Juarez Martins, também empreendedor social do projeto Horta Linda com a distribuição de mudas de hortaliças.

Além de um ato público com representações políticas e institucionais, música, teatro e poemas compuseram o ambiente de um verdadeiro festejo popular! Cecília, artista, realizou uma performance apresentando as diferentes realidades de vida e morte contidas na forma de produção de alimentos em crítica ao sistema agroalimentar hegemônico no país, mais conhecido como agronegócio. Ainda, Martinha do Coco, cantora renomada na região, embalou o compartilhamento das comidas com muita música, alegria e resistência.

Até o momento, ainda não está definido como a Medida Provisório nº 870 tramitará no congresso nacional, contudo, espera-se que o Banquetaço Nacional sirva como gatilho para o fortalecimento das lutas por comida de verdade para todas as regiões do país. Enquanto a MP não é votada, muito ainda pode ser feito para difundir o tema da alimentação saudável e sustentável entre todos e todas neste vasto e biodiverso Brasil. A rede que se formou para realização deste ato expressa um coletivo na cidade de Brasília que pode ser importante para o tema da SAN/DHAAS no contexto político – histórico nacional.

Banquetaço DF em números

  1. Mais de 1000 refeições distribuídas gratuitamente;
  2. Aproximadamente 1 tonelada de alimentos preparados;
  3. 23 preparações elaboradas;
  4. Resíduos direcionados à compostagem urbana;
  5. 100% dos alimentos doados pela Rede CSA Brasília produzidos de forma agroecológica e sem o uso de agrotóxicos;
  6. 7 cozinhas de preparo
  7. Uma equipe de 30 cozinheiros e cozinheiras;
  8. Mais de 50 pessoas envolvidas na execução da manifestação

Restaurantes apoiadores

  • Hughub
  • Dona Lenha
  • Pinella
  • Bioon
  • Cristina Roberto Buffet
  • Buriti zen
  • Departamento de Nutrição/FS/UnB | OPSAN/UnB

Acompanhe o movimento e as repercussões deste ato nas redes sociais do coletivo Banquetaço (@banquetaco.nacional). As fotos do ato em Brasília estão disponíveis aqui. Está previsto uma reunião de avaliação do Banquetaço para definição de papéis e formulação de uma agenda de atividades no tema. Acompanhe as chamadas pelas redes sociais.