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E aí, queridezas? Tudo tranquilinho? =)

Inicio essa postagem agradecendo a assistente de redação do site hypeness, Mariana Dutra, que em junho de 2015 escreveu uma linda matéria sobre a experiência de agricultura urbana na cidade britânica de Todmorden. De verdade, Mari, se algum dia você ler esse texto, saiba que nutro uma gratidão eterna pela tua pessoa e por essa matéria! <3

Para quem ainda não leu, não deixe de conferir a reportagem “Os segredos da cidade onde todo mundo planta, colhe e consegue ter uma alimentação saudável”. Foi lendo este texto que eu conheci e me apaixonei pelo projeto Incredible Edible! Eu compartilhei com “uma pá” de amigos o link e internalizei: “ Um dia eu vou pra lá!”. A verdade é: quem que trabalhando com agroecologia e permacultura não sonharia em conhecer esse projeto? Deus ou o destino, considerem o que julgarem melhor (pra mim foi God! #valeuGod o/), juntou seus pauzinhos para atender o meu singelo sonho.

Durante o ano de 2015, participei do programa de embaixadores do Thought For Food Challenge. O TFF foi o desafio que oportunizou a criação do Other Food, onde, após você participar integrando alguma equipe, pode seguir articulado ao desafio na modalidade de embaixador. Se você desenvolver as funções de um TFF Ambassador de maneira eficiente, há grandes chances de receber recursos para participar do Global Summit, conferência anual promovida pelo TFF Fundatiton como culminação do desafio. Com muita alegria, eu e parte da equipe do Other fomos contempladas com os recursos para participar de mais essa edição do evento que, neste ano de 2016, foi em Zurique, na Suíça.   

Muuuuuuita alegria e emoção! Iríamos novamente participar de uma conferência importante na temática de Empreendedorismo Jovem e Segurança Alimentar e Nutricional. Respiraríamos novamente os charmosos ares europeus (leia sobre a primeira viagem aqui na matéria “De repente… Lisboa!”) e, por último mas não menos importante, seria possível ir à Todmorden! Sim! Ao receber o e-mail de que iríamos viajar, no mesmo instante tive a certeza de entrar em contato com o pessoal do Incredible Edible. Vasculhando o site do projeto descobrimos o link para outra iniciativa chamada Incredible Farm, que recebia voluntários dentro de um projeto chamado WWOOF. Eu sei, são muitas siglas diferentes, mas eu explico:

World Wide Opportunities on Organic Farms – WWOOF | No português seria algo como “ampla oportunidade mundial em fazendas orgânicas”. É uma rede de fazendas que possuem produção orgânica de alimentos e, por isso, recebem voluntários para trabalhar e aprender sobre essa realidade. As fazendas oferecem hospedagem e alimentação e os voluntários mão de obra e entusiasmo. Não é demais? Tem um site de fazendas orgânicas aqui no Brasil, ele está em inglês, mas vale a pena conferir!

Todmorden é uma cidadezinha de aproximadamente 15 mil habitantes ao norte da Inglaterra, perto de grandes cidades como Manchester e Liverpool. Passamos 7 dias de vivência na fazenda do casal Nick e Helena. Como descrever experiência em uma palavras? INCRÍÍÍÍÍÍÍÍVEL! Não vou me ater na descrição do Incredible Edible, porque como já disse, está bem registrado na matéria que despertou nosso interesse. Como posso contribuir para ampliar as informações sobre esse projeto para os leitores brasileiros? Andreza e eu contribuiremos com nosso relato de experiência desses sete dias que atestam de forma muito vívida e animada a realidade daquele lugar que parece cenário de filme!

Lindo, né? <3

Ela é um vale na província de Yorkshire. Tínhamos uma linda vista do nosso quarto. Chegamos no início da primavera, mas o clima ainda estava bastante frio. Nossas vivências aconteceram na fazenda e no centro da cidade. O projeto Incredible Edible iniciou em 2007 e com sua expansão no território, os integrantes do projeto entenderam que era preciso avançar. Assim surgiram duas iniciativas: Incredible Farm e Incredible Edible Aqua Garden.

A fazenda foi projetada a partir dos princípios da permacultura: definição das zonas de trabalho de 0 a 4; a localização de três estufas ao sul do terreno para otimizar a captação de calor do sol; a existência de um sistema de captação de água da chuva; o banheiro ecológico tendo como “descarga” serragem, palha e folhas secas. Nas estufas, são produzidas hortaliças, muitas delas podemos dizer que são PANC. A captação de calor nesses espaços oportuniza a criação de um micro clima favorável para a produção de alimentos o ano inteiro. Outro detalhe importante, ainda nas estufas é a altura dos canteiros, que por serem elevados, permitem a organização dos reservatórios que recebem água da chuva e facilitam o manejo das plantas que crescem em altura favorável para o trabalho de uma jovem de estatura mediana como eu.

Restaurantes da cidade são clientes da fazenda. Além da venda de vegetais já selecionados (necessitando apenas da higienização devida), o pessoal também vende mudas de árvores frutíferas e produtos como compotas e molhos.

Sentimos na pele o peso da vida na fazenda! Já disse que lá era frio, certo? Quem é da região sul aqui do país, tem uma noção de frio, mas ainda sim, não podemos comparar. É FRIO DE RENGUEAR CUSCO! A época e o clima permitiam apenas que iniciássemos os preparativos dos canteiros para receber as mudas em momento propício e ajudássemos em atividades de manutenção dos espaços da fazenda. Na nossa segunda manhã de vivência tivemos a notícia que uma das vacas da propriedade havia dado a luz a um bezerrinho. Esse acontecimento também gerou uma série de tarefas para manter a nova mamãe e seu bebê confortáveis. Carregamos muita palha, muita palha, mas muita palha mesmo! hahahahaha De vários pontos da fazenda a outros lugares onde sua presença fosse importante. Muitos carrinhos de mão, muita enxada e muita força.  

Fomos muitíssimo bem recebidas e acolhidas em todos os dias. Não possuímos um inglês avançado e, mesmo assim, isso não impediu a comunicação e aprendizagens dos processos. Pelo contrário, aprendemos várias palavras e expressões novas na língua, juntamente com a noção de quanto trabalho é necessário para manter uma fazenda em pé.

Vamos falar das nossas queridonas? Gente, a quantidade de PANC que existem naquela cidade não está no gibi! Serralhas, Dentes-de-leão, Amor-Perfeito, Alho silvestre. Eram muitas, eram lindas e não somente estavam espalhadas pelas ruas, muros e pastos, como são reconhecidas e consumidas pelas pessoas da cidade. A verdade, é que o termo cunhado pelo professor Kinupp não pode ser utilizado lá, já que as plantas são comestíveis, mas seu consumo é convencional na região. Eles as chamam de plantas selvagens ou silvestres, reconhecem que há pequena ou nula produção ordenada desse alimentos mas os consomem conforme a natureza lhes fornecem. Nós mesmas fomos no domingo em que a fazenda é aberta à comunidade colher algumas plantinhas que comporiam o cardápio do almoço coletivo.

Conhecemos pessoas incríveis durante esses dias. Nick e Helena são um casal acolhedor, que reconhecem na permacultura e na juventude fortes elementos para tornar o mundo um lugar melhor. Foram fundadores do projeto Incredible Edible e criaram a Incredible Farm justamente para ser mais um bom exemplo dos benefícios e efetividades concretas que a produção orgânica gera numa realidade. Também, conhecemos Millie, Thursen e Rod, três voluntários oriundos da Austrália, França e Inglaterra respectivamente. Jovens como nós, implicados com a causa da permacultura que encontraram nesse espaço um lugar para desenvolver suas competências, aplicar seus conhecimentos e agregar com a experiência de Nick.

Ainda não terminei esse relato, mas deixarei o restante para outra postagem porque, reconheço que objetividade não é o meu forte e eu já escrevi demais por hoje!