Por Kellen Vieira
Diretamente do coração do Brasil para o coração da gente, pois com ele não tem meio termo: ou você ama ou odeia. O pequi, que significa “casca espinhenta” em Tupi, é um fruto extremamente rico tanto por sua importância econômica quanto cultural.
Nativa do segundo maior bioma brasileiro, o cerrado, o pequizeiro é versátil podendo ser utilizado tanto in natura como na fabricação de óleos, cosméticos e licores. O uso mais comum está presente em diversos pratos tradicionais da culinária do cerrado como o arroz com pequi, frango com pequi (e quiabo) ou até mesmo doce, sendo consumido com leites como no brigadeiro de pequi ou no picolé de pequi.
Enfim, é pequi para todo lado na cozinha, mas o pequi não é usado restritamente para culinária. O óleo da polpa também pode ser usado, na medicina popular é utilizado contra doenças respiratórias e como um “afrodisíaco”. A casca do pequizeiro é comumente empregada como tinta para tecelões artesãos, entre outros usos como cosméticos e conservas.
O pequi está inserido em uma curta cadeia de produção de extrativismo local, onde os frutos são colhidos. Além disso, também não há a inserção do fruto nos processos de comercialização e industrialização massificados, portanto, ele não entra numa cadeia de contabilização capitalista, fazendo com que a renda gerada com o extrativismo do pequi não seja amplamente contabilizada.
Esta é uma triste realidade sobre diversos frutos nativos do cerrado.
Mesmo dentro dessa “invisibilidade”, as comunidades do cerrado que fazem a extração, uso e venda local, sabem que o valor do pequi é inestimável e que vem sendo ameaçado junto com a degradação do cerrado e o avanço do agronegócio.
Por sua floração ser sensível a variações de clima, como excesso de chuva ou calor, os pequizeiros têm sofrido com a crise climática, mas principalmente com as constantes queimadas, cada vez mais frequentes, que atingem o bioma.
Em contrapartida, os extrativistas, nas diferentes regiões de crescimento do pequi, se organizam para continuar mantendo vivo esse ouro do cerrado e com isso contribuir com a preservação do bioma.
O pequi é o dinheiro que dá em árvore mas, para além da simples moeda, é cultura, é tradição, é segurança e soberania alimentar e nutricional de diversas comunidades.
Pequi é a riqueza que “dá em árvore”.