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Por Milena Ventre

Wangari Muta Maathai nasceu em Nyeri, uma área rural do Quênia (África), em 1940. Ela obteve um diploma em Ciências Biológicas pelo Mount St. Scholastica College em Atchison, Kansas (1964), um mestrado em Ciências pela Universidade de Pittsburgh (1966), e fez doutorado na Alemanha e na Universidade de Nairobi, antes de obter um Ph.D. (1971) da Universidade de Nairobi, onde também ensinou anatomia veterinária. A primeira mulher na África Oriental e Central a obter um doutorado.

Em 1977 junto ao Conselho Nacional de Mulheres do Quênia, a professora Wangari Maathai fundou o Movimento Cinturão Verde (Green Belt Movement), cujo foco principal é a redução da pobreza e a conservação ambiental por meio do plantio de árvores, sendo destinado principalmente às mulheres.

O Movimento capacitou mulheres, a população com deficiência física e os jovens que abandonaram os estudos, tornando-os capazes de plantar e cultivar mudas adequadamente, as quais seriam vendidas para a organização, gerando fonte de renda, e depois redistribuídas gratuitamente para o reflorestamento de árvores nativas.

O Green Belt Movement incentivava as mulheres a criar maternidades de árvores nativas da África. As pessoas viajavam até encontrar as sementes dessas árvores, depois plantavam em um lugar para elas crescerem um pouquinho e darem mais sementes (a tal maternidade de árvores), e então replantavam as árvores nas fazendas e plantavam as sementes novas na maternidade, recomeçando o ciclo.

Mais de 900.000 mulheres quenianas se beneficiaram de sua campanha de plantio de árvores vendendo mudas para reflorestamento.

Numa realidade onde o desmatamento dificultava o acesso a lenha, matriz energética usada no preparo dos alimentos, fazendo com que as mulheres caminhassem em excesso na busca e no carregamento de lenha, prejudicando a saúde das mulheres e toda a alimentação da comunidade, o Green Belt Movement trouxe dignidade à vida das mulheres, plantou novos acessos à lenha, desenvolveu renda e fortaleceu a comunidade, tudo isso se deu ao passo que reflorestou a paisagem.

No seu livro: “Reabastecendo a Terra: Valores Espirituais para a Cura de Nós e do Mundo” Maathai descreve os 4 valores centrais do Movimento Cinturão Verde, os quais eram ensinados nos seminários, são eles:

Amor ao meio ambiente,
Gratidão e respeito pelos recursos da terra,
Auto-capacitação e auto-aperfeiçoamento,
Compromisso com o serviço

 

No filme “Dirt the Movie”, Maathai conta a história do beija flor, mesmo este sendo tão pequeno, faz o esforço incessante de carregar uma gota de água para apagar o incêndio na floresta, ao ser questionado pelos demais animais que o assistem paralisados pelo fogo, o beija flor responde: “Estou fazendo o melhor que eu posso! E isso pra mim é o que todos deveríamos fazer”.

No centro de sua mensagem está a demanda por um novo nível de consciência e preocupação ambiental.

“Hoje enfrentamos um desafio que exige uma mudança no nosso pensamento, para que a humanidade pare de ameaçar o seu suporte de vida. Somos chamados a ajudar a Terra, a curar as suas feridas e, no processo, curar as nossas – a abraçar, de verdade toda a criação em toda a sua diversidade, beleza e maravilha. Reconhecer que o desenvolvimento sustentável, a democracia e a paz só resultam juntos.”

Em 1992, enquanto protestava contra a distribuição de terras do presidente Daniel arap Moi, Maathai foi espancada até ficar inconsciente, felizmente resistiu e mesmo diante de toda brutalidade ela seguiu destemida, Wangari Muta Maathai lutou contra a expropriação de terras, contra abusos dos direitos humanos e pela proteção do meio ambiente no Quénia.

“São as pessoas que devem salvar o meio ambiente. São as pessoas que devem fazer seus líderes mudarem. E não podemos ser intimidados. Portanto, devemos defender aquilo em que acreditamos.”- Wangari Maathai

Ao todo o Green Belt Movement plantou 51 milhões de árvores, e Wnagari inspirou as Nações Unidas a lançar uma campanha que levou ao plantio de 11 bilhões de árvores em todo o mundo.

Em 2004 Maathai recebeu Prêmio Nobel da Paz por tudo o que fez pelo meio-ambiente, pelas mulheres e pela democracia no seu país. Em 2011 aos 71 anos, Wangari Maathai deixou de existir num corpo físico.

Após sua morte, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chamou Maathai de “pioneira na articulação dos vínculos entre direitos humanos, pobreza, proteção ambiental e segurança”. O ativista ambiental nigeriano, Nnimmo Bassey, comentou: “Se ninguém aplaude esta grande mulher da África, as árvores baterão palmas”

Toda vida humana é co criada junto à Terra, o convite para regenerar nossa relação com a Terra está feito! Já é sabido que a nossa cultura mercadológica só resulta em lixos e escassez, esquecemos o quão precioso é compreender o organismo vivo ao qual habitamos, além da nossa espécie, existe o infinito da criação, todos os seres, formas de vida, habitando nesse tempo espaço (templo) da Terra.

Wangari Maathai recebe o Prêmio Nobel da Paz em Oslo – a primeira mulher negra africana a fazê-lo.

Uma ancestral que tem muito a nos ensinar!

Engana-se quem pensa que construir um futuro digno para as pessoas e o planeta é uma batalha simples de ser travada. Não há romantismo, é de fato uma disputa de narrativa e práticas frente a forças com poder econômico, político e, muitas vezes, bélico. As mulheres são protagonistas nas lutas em defesa da natureza, desde muito tempo, são elas que trabalham de maneira alinhada aos princípios da agroecologia e soberania alimentar dos territórios aos quais pertencem.

Siga acompanhando nossos conteúdos para conhecer mais mulheres inspiradoras que fazem desse mundo um lugar mais solidário e nutrido.

A Crioula | Curadoria Alimentar tem como propósito trazer ancestralidade, conceitos sobre regeneração, princípios de ecologia, alimentação biodiversa, e partilhar isso com a sociedade, espalhando nossas sementes, construindo uma cultura regenerativa. Para isso acontecer é importante que mais pessoas contribuam conosco, através do Clube de Assinaturas da Crioula ou fazendo uma transferência via pix pela chave: oi.crioula@gmail.com.

REFERÊNCIAS:

Youtube – Wangari Maathai e a luta pela defesa do meio ambeinte. Disponível em: link para vídeo  

Green Belt Movement

http://www.greenbeltmovement.org/

DW – Wangari Maathai: A ambientalista queniana que ganhou o Nobel da Paz. Disponível em:. link

Wangari Maathai e as florestas da África

https://medium.com/@oquecoisa/wangari-waathai-e-as-florestas-da-%C3%A1frica-d52746ec0a4d

Onu – Wangari Maathai, a mulher das árvores morre.

https://www.un.org/africarenewal/web-features/wangari-maathai-woman-trees-dies

Facebook – Green Belt Movement

https://m.facebook.com/greenbeltmovement/reviews/

Reflorestamento no Quênia

http://www.womenaid.org/press/info/development/greenbeltproject.html

Green Belt Movement Principais discrusos e artigos. Acesse em:

https://www.greenbeltmovement.org/wangari-maathai/key-speeches-and-articles

Viemeo. Filme – A visão de Wangari Maathai

https://vimeopro.com/marlboroproductions/taking-root-the-vision-of-wangari-maathai

Filme – Criando Raízes

http://takingrootfilm.com/

GBM – Iniciativa Nacional de Plantio de Árvores

https://www.greenbeltmovement.org/node/854