Com toda a certeza você a comeu, pode até não gostar, provavelmente te ofereceram quando era criança na introdução alimentar. Uma fruta tão rica em nutrientes e tão versátil na culinária tem seus usos nas mais variadas possibilidades como bio fertilizante e até mesmo prato.
Dia 22 de Setembro é o Dia Mundial da Banana, a segunda mais consumida no mundo e também a mais consumida no Brasil. Neste texto vamos compartilhar algumas curiosidades da banana – a Musa Paradisíaca – e adorar esse alimento que é tão importante na alimentação da população brasileira.
Musa paradisíaca L. é o nome científica da fruta e as variedades que mais consumimos são: a Banana Prata, Banana da Terra (Pacova – nome de origem indígena), a Banana Nanica, a Banana Ouro e Banana Maçã. Pode haver alguma mudança de nomenclatura também, aqui no Sul, por exemplo, as mais consumidas são a banana prata que tem tamanho médio e é menos doce, já a banana caturra – em outras regiões conhecida como nanica – é maior (não tão grande como a da terra) e com a textura mais farelenta e mais doce. Além das variedades mais comuns a Banana D´água, a Banana Figo são outras variedades que podemos encontrar com produções menores, principalmente vindas da agricultura familiar e agroecológica, preservando espécies nativas e selvagens.
A origem desta planta é da Ásia, que chegou a África pela expansão Árabe e chegou as Américas pelos portugueses e espanhóis. No período colonial, era a fruta mais consumida tanto por índios e escravos quanto os colonos portugueses e outros europeus. As grandes produções começaram no litoral brasileiro, e aos poucos adentrou o continente. Hoje os maiores produtores são o estado de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, seguidos da Bahia, Pará e Ceará na pesquisa feita pela Pesquisa Agrícola Municipal feita pelo IBGE em 2019. Tamanho é o consumo que apenas 2% da produção não é absorvida pelos consumidores brasileiros.
O que mais me surpreende e a versatilidade de usos, praticamente toda planta pode ser utilizada na alimentação como também em outros setores usando cascas, fibras e folhas para produzir fertilizantes, e até mesmo roupas usando fibras de abacaxi e banana. Podemos consumir a fruta em todos os estágios de maturação, além da casca, o palmito e ainda a flor, também conhecida como coração da bananeira ou mangará. Além a folha é usada para assar alimentos como a pamonha, e o acaçá ou abará da culinária baiana, e serve como prato para aparar e servir algumas refeições.
Confira aqui alguns usos para a Banana e se delicie:
Banana verde: biomassa, ralada no pirão, chips, assada, cozida, na moqueca;
Banana madura, no ponto: natural, esmagada com aveia e sementes, no mingau de aveia, grelhada doce ou salgada, na farofa, na salada, no recheio de bolos, substituindo ovo nas receitas
Banana bem madura: como purê (doce ou salgado), papinhas para bebês, na massa do bolinho de chuva, congelada como base para sorvete, batidas e bebidas cremosas
Casca e Coração: as fibras refogadas podem ser recheio de salgados como empadas, pastéis, quiches, etc. Serve como antepastos, recheios de tortas salgadas, pizzas, etc.
Além do consumo in natura a Banana está muito presente na nossa culinária, está em receitas clássicas como a Moqueca de Banana e ainda o doce antigo Chico Balanceado. É a primeira fruta oferecida aos bebes e é uma das sobremesas mais simples e gostosas como a banana assada com canela. Ainda podemos se lambuzar com a farofa de banana ou uma banana split e claro, servir de base para um sorvete ou batida a base de frutas.
No café da manhã ela é consumida pura, ou ainda cozida, recheando beiju e batida com leite ou com outras frutas. Tem inúmeras versões de bolo como aquele com a banana caramelada ou a banana incorporada na massa! Em refeições como almoço e jantar ele pode estar num ensopado, na própria moqueca, feitas num pirão junto com fubá, inhame ou macaxeira. Assadas servida doce ou salgada, e ainda pode ser frita tanto verde quanto madura, faz até bolinho frito. Tortas das mais gostosas como o Chico Balanceado com banana caramelada, creme de confeiteiro e chantilly e a mais nova sensação nos cafés, a Banoffe, uma torta inglesa com massa podre, doce de leite, caramelo, bananas e chantilly. Ainda é serve de cheio em cucas, na torta flocada e outras delícias. Os doces clássicos são a banana, a banana passa, geleias e schimier, a banana assada com canela e açúcar.
No nordeste e nordeste é mais comum o uso da fruta, além de in natura, em receitas salgadas acompanhando tapioca, farinha de mandioca, em caldos e ensopados, assada e frita, principalmente a banana da terra. No sul e sudeste está mais presente em bolos, doces e compotas com a banana prata e caturra. Minha receita favorita com a banana é com a fruta verde levemente grelhada no café da manhã, usando azeite de dendê e pouquinho de sal. Essa combinação banana + dendê é muito gostosa e faz uma farofa incrível. A Banana verde não tem a doçura tão pronunciada o que combina muito bem nas preparações salgadas.
A seguir compartilho uma receita de Paçoca de Banana, feita com banana, farinha de mandioca e amendoim!
Paçoca com banana da terra
Essa receita é uma adaptação de uma paçoca de carne seca e farinha. As paçocas (como a de amendoim) eram feitas antigamente no pilão, onde eram descascados e moídos grãos, sementes, farinhas, dendê, akará. A tradicional paçoca de carne seca era uma alternativa de dar mais sustância ao povo que vivia na escassez e a mandioca era o principal alimento. Vamos utilizar a banana da terra também tradicional na culinária nordestina, mas pode usar a que você preferir.
Ingredientes: 3 bananas da terra maduras, 4 colheres de sopa de óleo ou manteiga de coco (pode usar outro óleo vegetal que for acessível pra ti), 1 cebola média picada em cubos,1/2 xícara de amendoim torrado e moído, 300g de farinha de mandioca, sal quanto baste.
Modo de preparo: Primeiro asse as bananas com cascas por 30 minutos ou até que a casca fique escura e elas estejam bem macias. Depois de esfriar, descasque e corte as bananas grosseiramente, vai virar paçoca, não precisa cortar perfeitamente. Frite a cebola no óleo e adicione a banana, refogue bem e desligue o fogo. Se tu tiver um pilão, que maravilha, se não tiver tudo bem, eu adaptei: em uma bacia ou até em uma panela mais alta e com uma colher de pão ou ainda aqueles martelos para carne, e até uma copo ou uma taça pode ser útil. Se for no pilão, coloca a mistura de banana e cebola e aos poucos vai acrescentando a farinha de mandioca e o amendoim e socando para misturar tudo. Aos poucos vai ficar na consistência de paçoca, apertado um pouco da massa nas mãos e conseguir formar um bolinho. Na panela pode levar mais tempo, mas vale a pena. O processo é o mesmo, e pode usar mais ou menos farinha, dependendo do tamanho das bananas. No processador de alimentos também pode ser feita. Primeiro, prepare a banana assada e depois frita com a cebola e coloque a mistura no processador. Aos poucos acrescente o amendoim e a farinha que pode ser tanto crua ou torrada. Use a função pulsar, e faço o teste pegando um pouco da massa e amassando até virar uma bolinha. Quando já tiver uma massa homogênea está pronto, pode ser consumida assim mesmo ou ainda assar as bolinhas em formato de paçoca até ficarem douradas.
Texto por Natália Escouto
Saiba mais em:
O básico dos básicos – Banana: O Joio o Trigo
Dia da Banana: Banana.Blog
HUE, Sheila Moura, Delícias do Descobrimento – A Gastronomia Brasileira no Século XVI. Editora Zahar 2009 Rio de Janeiro
CASCUDO, Luis Câmara, Antologia da Alimentação no Brasil. 1ª edição digital, Global Editora 2014 São Paulo
PAIVA, Maria da Conceição. A presença Africana na culinária brasileira: sabores africanos no Brasil. Universidade Federal de Juiz de Fora, Pós Graduação Lato Sensu em História da África 2017